sábado, 13 de agosto de 2011

Poesia de Marco Piantã - ócios do ofício


Ócios do Ofício
Em minha poesia
Ofereço abrigo
à beleza exilada do mundo
que se esconde
por trás de aparências
nas coisas mais insuspeitas
Como um espião
adentro sua morada
procuro nos desvãos
sigo suas pegadas
percorro longas estradas
bato de casa em casa
atravesso madrugadas
atrás da menor evidência
e nada
de repente a encontro desamparada
já totalmente transformada
mal a reconheço
nos objetos mais comuns
mas é ela, é ela...
nos lugares triviais
ela está em toda parte
nos viadutos, nos canais
pelos cantos da cidade
na lama dos temporais
nos trabalhos de arte
é ela, veja
Sua aparição é um momento único
como o piscar de olhos
que revela um desejo secreto
ela agora se revela
nas poças, nos campos
nas mais tenebrosas das favelas
não adianta se esforçar para ver
de nada vale o sacrifício
é preciso estar bem de espírito
é preciso estar no ócio do ofício
Marco Piantã

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